Desta vez o Dr. Peres Metello deixou a sua capa socialista em casa e num raro rasgo de clarividencia acerto em cheio em relação ao clima económico em Portugal. De facto, um dos grandes problemas/vantagens da zona euro é o facto de haver apenas uma política monetária para todos os Estados Membros. Isto quer dizer que o BCE actua em função da economia da zona euro e nao em função de um particular Estado.
E no português, se nos últimos anos houve o estranho facto de apesar de vivermos um periodo de expansão económica, gozarmos de taxas de juro historicamente baixas, o inverso também está a acontecer durante a recessão que vivemos. Taxas de juro crescentes numa economia europeia que apesar de débil, dá sinais de crescimento e portanto de perigo de pressões inflacionistas; o que em Portugal significa taxas de juro altas em periodo de pré-crescimento (para não chamar estagnação). Obviamente, tal não vem de encontro às necessidades do País em termos monetários, mas como gozamos de estabilidade de preços, penso que apesar de tudo são mais as vantagens que os problemas. Talvez seja a hora de cada agente repensar a sua política de financiamento, nomeadamente as famílias, onde o sobreendividamento é brutal, não obstante de se tratar de um problema privado e como tal apenas da esfera de decisão de cada agente, não constituindo, portanto, um problema para o Estado, antes para quem concede e para quem usufrui dos créditos.
Há que saber lidar com a situação de juros elevados, dado que muitos projectos NPV verão a sua rentabilidade reduzida. Não deixa de constituir de certa forma um aviso ou uma forma de resfrear a corrida ao consumo. Como sempre, juros altos são sempre um incentivo à poupança. E poupança é investimento. Saiba-se viver nesta realidade económica.
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