quarta-feira, agosto 29, 2007

Jose Manuel "cada vez menos só" Barroso

O actual presidente da Comissão Europeia negou conhecimento da negociata do PSD com a Somague. Sendo presidente do PSD na altura, é caso de estranhar. A pergunta impoe-se: como presidente da Comissão, que outros "pormenores" dentro da EU e da propria comissão desconhece?

Está claramente em risco a sua reeleiçao, e cada vez menos explicável a sua fuga do executivo portugues. Ou talvez nao...

Jóias. Arte. (!?!)



http://www.telegraph.co.uk/arts/main.jhtml?xml=/arts/2007/06/01/bahirst101.xml

Esta magnifica obra de arte custou 100 milhoes de dolares a um fundo de investimento de arte. Já agora, o autor da peça é um dos artistas mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em mais 140 milhoes de libras (qualquer coisa como 200 milhoes de euros...)...

"Socialismo dos ricos"

Não sou quem o diz. São a maioria dos comentadores e analistas de mercados financeiros, caso os bancos centrais desçam as taxas de juro.

Capitalismo selvagem, neo-liberalismo, economia de mercado - chamem-lhe o que quiserem - não inclui salvar os que nao sao cuidadosos, nem cegos ao risco.

Tanto o FED como o Banco Central Europeu ao aliviarem a pressao da taxa de juro apenas estarão a cair no chamado "moral hazard" ou risco moral, ou seja, a incentivarem a que investidores e hedge funds continuem a fazer investimentos de alto risco, sem o devido downside, ou seja, a desvalorização dos activos, caso tal seja a vontade do mercado como um todo.

Ou seja, isto não é mais do que desincentivar à precaução. Uma especie de socialismo, para investidores ricos.

Ah, ja agora, para os (poucos e heroicos) leitores mais socialistas e que vêm criticando a subida dos juros, fica a pergunta: Será justo os bancos centrais salvarem aqueles que em ultima análise criaram esta bolha especulativa?

Finanças Locais e accountability

Penalva do Castelo resolveu nao ficar com a totalidade dos 5% de IRS dos contribuintes a que tem direito, baixando deste modo a incidencia fiscal dos seus municipes.

Talvez isto possa ser competitividade....

sábado, agosto 25, 2007

Independentes com Marques Mendes?

Eu, como militante do CDS-PP pouco tenho a ver com a eleição do proximo lider do PSD, tanto mais que qualquer uma das alternativas é tao ma ou pior que a outra, e onde a mediocridade intelectual parece impedir que os quadros valiosos do PSD - que os há! - apareçam e ajudem ao debate politico do País.

É, portanto um PSD virado para dentro, em lutas sobre e para o aparelho, sem ideias para o País, com a pura intenção do poder pelo poder, com vista a eleições, onde o que interessa é estar na frente. É um partido que sofre de partidarite aguda, sob o veu de maus governos e sem lideres capazes. Os potenciais lideres capazes sao suficientemente inteligentes para manter-se na sombra.

Mas como disse, nada disto me preocuparia minimamente, não fosse esta onda interna do PSD tentar a todo o curso recolher apoios do aparelho local. É certo que qualquer cidadão é livre de se filiar onde muito bem entender, assim como qualquer cidadão será também eventualmente livre de manifestar a sua opinião sobre a eleição interna de qualquer partido.

O que me preocupa é simplesmente o facto de estes apoios de tao forçados que parecem, sejam apenas isso: aparelho. E para aparelho, não contem comigo. Sou mais de ideias e trabalho. E ja agora mérito...

Sinceramente, não penso que nenhum presidente de camara possa desempenhar melhor ou pior a sua função por passar a apoiar um candidato a lider de um partido. Ou pelo menos nao devia. Se o tem que fazer, entao algo vai mal. E pelos vistos assim vai continuar.

Partidos politicos deviam ser uma forma, um meio de discutir e aplicar ideias. Não uma arena de intenções e ambições.

PSD e a Somague

Parece que passa incolume esta verdadeira vergonha no espectro partidario portugues. Talvez porque todos tenham telhados de vidro, ou talvez porque seja necessario nao levantar muita poeira sobre esta matéria.


Não me parece que qualquer tipo de ligação obscura entre partidos e empresas seja favoravel tanto a uma economia que se pretende de mercado e livre, como de uma democracia que se pretende transparente.

Daqui vai, portanto, o meu veemente protesto a tal forma de actuar. Seja de que partido for.

sábado, agosto 11, 2007

Crise do Crédito - a verdadeira história

Esta semana o mundo em geral ficou a conhecer um problema que há muito atormenta os mercados financeiros: a crise do mercado imobiliário americano. Importa, no entanto, esclarecer alguns pontos que nestes últimos dias tem vindo a público na comunicação social e cuja explicação dos orgãos de comunicação tem deixado muito a desejar.

O chamado sector subprime mortgage não é mais que uma faixa do crédito hipotecário dos EUA dedicado à população com maior propenção a fazer default (ou seja, a deixar de pagar a prestação) no crédito à habitação. Naturalmente, este tipo de empréstimos é feito a uma taxa de juro superior, para fazer face ao nível de risco. Convém ainda esclarecer que nos EUA o devedor pode pedir mais dinheiro enquanto vai pagando a o crédito à habitação, isto é, pode ter sempre a 100% o montante em dívida face ao valor da habitação. O problema é que até aqui o preço das casas não descia, logo era sempre possível ter a casa como garantia para o pagamento do emprestimo, pois esta valeria sempre tanto ou mais que o montante em dívida. O problema começa há uns meses quando o preço das casas em certas áreas começa a cair...

A história até aqui nem seria particularmente grave para os bancos. Acredita-se que o nível de default no subprime não vai além dos 5% a 10%. E estas instituições fazem a securitização destes créditos. O grande problema está precisamente aqui. As instituições com ligações ao subprime vendem o conjunto dos créditos subprime em pacote, para formar uma pool de créditos, diversificando o risco, podendo trocar entre si a uma taxa de rentabilidade superior de qualquer outro produto com protecção hipotecária, dado que está no sector subprime. Estes produtos chamam-se CDO's (Collateralized Debt Obligations) que não são mais do que estruturas financeiras, seguras pelo activo em si, ou seja, as casas. Estes produtos englobam diversos níveis de risco, sendo que o mais baixo eram precisamente a pool de subprime.

A grande questão é que ao ser possível trocar (comprar e vender) estes produtos de forma alavancada, muitos bancos viram uma oportunidade de ganhar mais alguns pontos percentuais com nivel de risco (pensava-se) suficientemente diversificado para não consistir um problema. Mas começaram então os preços das casas a cair, e isto não foi antecipado.

Da-se então a crise, dado que muitos destes bancos compravam alavancados estes produtos, o que implica que um nivel de default no subprime de 5% significa no minimo uma perda de 20% no capital investido.

O primeiro banco a divulgar problemas sérios com esta crise foi o banco de investimento Bear Stearns, o qual geria 3 fundos de investimento que apostavam fortemente nestes CDO's, e cuja desvalorização foi praticamente total. Mais alguns hedge funds globais foram divulgando entretanto alguns problemas também.

A crise no entanto alastrou-se na passada sexta-feira dia 10 de Agosto para a Europa, onde o BNP Paribas - um dos maiores bancos europeus e o maior de França -, divulgou que os investidores em três dos seus fundos estariam impedidos de efectuar resgates porque se dizia incapaz de avaliar os activos neles inseridos. A questão no caso do BNP Paribas foi ainda mais grave, pois dois desses fundos eram supostamente fundos de tesouraria, ou seja, com nivel de risco praticamente nulo.

A crise do sector bancário é no entanto uma crise de confiança. COmo daqui se pode concluir, houve notoriamente bancos que mentiram em relação ao nivel de risco dos seus fundos de investimento. E mais, há obviamente bancos cuja exposição ao subprime norte-americano é ainda desconhecida. E é precisamente por este motivo que se dá a falta de liquidez do sector bancário mundial. Falhou a indispensável confiança entre instituições bancárias para linhas de crédito usuais entre si. Ninguém nesta altura sabe que instituições poderão eventualmente estar expostas ao subprime. Daí a intervenção do ECB e do FED para disponibilizar liquidez ao mercado, como "lender of last resource". Note-se no entanto que todos os fundos do ECB e do FED so são disponibilizados perante apresentação como contrapartida de obrigações do tesouro de governos europeus ou norte-americano.

Finalmente, em relação á taxa de juro, não é ainda claro o que irá acontecer. Não é normal que o ECB se sinta influenciado por este problema para alterar a sua política, o que não significa que o aumento previsto para Setembro não possa ser o último... Já na reserva federal americana, o cenário é diferente: apesar de algum abrandamento da economica, dificilmente o FED cortará taxas, ao contrário do que o sector financeiro gostaria para fazer face a este problema. Ou seja, o problema do crédito não será resolvido com taxas mais baixas nem com taxas superiores, é um problema de liquidez e confiança. O que aconteceu esta semana nos futuros de taxa de juro é apenas resultado de uma fuga dos investidores para zonas de risco minimas, como as obrigações europeias e americanas.