terça-feira, março 07, 2006

Eu avisei...

A 9 de Fevereiro de 2006 postei o "Entrenchment?" Era de facto previsivel a posição do manager da PT, mas nao seria de esperar que não olhasse a meios para impedir esta OPA. Cheguei inclusive a dar algumas sugestões de defesa de OPA, mas o management entrenchment não é uma delas. A sua unica utilidade é dificultar a operação e maximizar os seus golden parachutes, extremando a posição com o comprador. Não era de esperar, de facto, tal uso de falsidades, senão vejamos:

- Horta e Costa tem de defender os interesses dos accionistas nos actos de gestão da PT. A OPA não é um acto de gestão da PT, logo sai da esfera de acção dos managers. Cabe apenas aos accionistas decidir acerta do futuro dos seus proprios investimentos.

- É, claramente, mentira (digo-o sem problemas) que o facto de outros takeovers terem premium superior para os accionistas em nada tem a ver com o facto deste premium ser inferior. Desde logo estamos a falar de mercados estrangeiros, logo com legislação diferente (leia-se menos complexa) o que permite o mercado actuar muito melhor. Os premiums sao cuidadosamente estudados, para minimizar o custo do comprador (obvio). Por outro lado, pode dar-se o caso (até provavel) de a PT estar, relativamente, sobrevalorizada, diminuindo, obviamente o premium a oferecer.

- Por último, but not the least, o mais ridiculo de tudo. A promessa de aumentar os dividendos. (sim é a minha especialidade). De uma forma simples: mais dividendos pagos, menos dinheiro dentro da empresa, menos dinheiro para investir. Ou seja, ou Horta e Costa tem dinheiro a mais sem dar uso dentro da PT e tem que distribuir (problema chamado Agency Costs of Management, em que é mais eficiente para a empresa que excesso de dinheiro em caixa seja distribuido); ou, por outro lado, Horta e Costa não sabe onde investir ou a PT não tem novos investimentos rentáveis (em qualquer um dos casos, nao abona muito em favor da actual gestão). Em termos de significado económico, mais dividendos, significa que ou os gestores não estão a agir no melhor interesse dos accionistas (Agency Theory) ou a empresa está a sinalizar melhores rendimentos no futuro (Signalling Theory). Nesta última, o sinal não faz sentido, pois resulta de uma promessa antecipada em mais de um ano, e em função de uma ameaça de takeover. Pode é sinalizar, tal como eu defendo, que a empresa tem menos projectos NPV positivos (oportunidades de investimento), ou seja, o que Horta e Costa está a dizer é que se não houver OPA, a PT vai começar a estagnar os seus investimentos, e irá parar o crescimento da empresa. Por outras palavras, temos um possivel comprador que promete dinamizar e fazer crescer a empresa e um manager que, julgando-se em representação dos accionistas, diz querer esvaziar os excessos de dinheiro na empresa, em deterimento de novos investimentos. Pelo meio, os accionistas terão que decidir se querem uma de 3 coisas:

a) dinheiro já, vendendo as suas acções da PT e obtendo um premium;

b) não vender à Sonae.com, tentando impedir a OPA;

c) comprar Sonae.com apostando no crescimento da nova empresa criada após a possível fusão, mas atendendo aos consequentes spin-offs que certamente irão ocorrer na PT.

Voce o accionista decide, mas não Horta e Costa.

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