Como já tenho referido várias vezes, se o Estado não atrapalhar o mercado já é suficientemente bom. Mais uma OPA foi ontem anunciada. Muitos diram que é sinal de robustez da economia, de dinamismo. Talvez. Ou talvez seja uma mera consequencia de uma prolongada crise económica. Ou uma outra qualquer conjugação de factores que cria condições ideias na estrutura de capitais das empresas abrindo esta janela de oportunidade. Seja o que for, agita o mercado. O mercado - esse sim - é um grande motor da economia. Mercado de capitais. Esse que muitos políticos insistem em chamar "jogo da bolsa" ou em apelidar de mercado de especulação de capitais, sem proveito para a economia. Nada de mais errado.
O que é facto é que há mais um "hostile takeover" na forja. Prefiro a expressão em ingles por um simples motivo: agora em Portugal parece que uma OPA não solicitada é diferente de uma OPA hostil. Não é. A palavra hostilidade provem da expressão em ingles e nem sequer tem o sentido que lhe damos. Apenas que não houve acordo prévio entre os CEOs. Só. A partir daí o mercado, por intermédios dos seus investidores, irá decidir racionalmente qual a melhor proposta. Vender, comprar ou manter. E o mercado é eficiente, logo extraordináriamente racional.
Quanto ao takeover em si, não ha muito a dizer. É o mercado a funcionar livremente, o Estado não deve interferir. Este é um caso clássico, a OPA foi anunciada, houve uma sobrereacção, hoje a correcção e o valor fica em redor do valor oferecido pelo BCP. O que é um indicador claro que é muito provável que esta OPA seja bem sucedida, já que o valor oferecido parece ser reunir o consenso do mercado. Quanto ao BCP, se tiver de aumentar o capital para realizar a OPA, o mercado ja antecipou, calculando o efeito de dispersão de valor nas acções mas também as mais valias provenientes da possível OPA.
Só uma nota final: é de importância extrema que se averigue aprofundadamente as possíveis situações de uso/abuso de informações priviligiadas, ou inside trading. Trata-se - aqui sim - da função do Estado: regular, supervisionar. Para a eficiencia e acima de tudo para a credibilidade do mercado é fundamental que caso haja situações destas o Estado actue, investigue e trate de punir exemplarmente. Caso contrário, podemos assistir a uma descredibilização do mercado de capitais que só o ira desfavorecer, e todos sabemos como os capitais sao facilmente exportados. Trata-se de uma questão de legalidade mas também de credibilidade do próprio sistema. Neste campo parece-me que a CMVM é uma entidade extraordináriamente isenta e séria, pelo que confio na sua actuação.
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