segunda-feira, março 13, 2006

A politiquice

Estou agastado com a política. Não com aquilo que considero verdadeira política: as decisões que afectam directamente a vida dos cidadãos, a proximidade com as pessoas, o tentar fazer mais e melhor pelas populações, o esforço por tornar a qualidade de vida melhor na cidade, na freguesia, na região, no distrito, no País. Não é com essa politica, porque essa política só se desgasta quem não tem vontade de direccionar o esforço pessoal desinteressadamente para o bem-estar geral. Eu estou agastado com a "politiquice". Com o uso de expedientes. Com os interesses pessoais, acima dos partidários, e estas acima dos das pessoas em geral. Com os carneirismos, ou uma nova forma de fazer politica, em que pessoas submetem a sua inteligencia pessoal a uma coisa próxima de uma "inteligencia colectiva" em que todos estarão em fila indiana à espera da oportunidade que o "pastor" irá conceder. Ou recorrendo a uma outra imagem, uma política em que o chefe de banda tem tudo bem ensaiado, e a banda toca afinada, independentemente do que soa bem ou mal.

A politiquice é inimiga da democracia. A democracia sai sempre beliscada. Porque à politiquice há intrinsecos factores externos à propria política pura; há jogos de poder, há sede de poder, há não olhar a meios para atingir fins. E depois há mascaras. Máscaras que cairam, máscaras que vão cair e máscaras que pensamos não existir, e existem. Em política, a sinceridade e honestidade é uma grande virtude, talvez a maior, mas a ingenuidade paga-se caro. Não que seja crime ou anti-democrático ser-se ingénuo. Mas porque a polítiquice trata de absorver os ingénuos, retirar-lhes o direito de ser ingénuo, talvez puro, e devolve mais um "apolitiquizado".

Isto é uma subversão daquilo que deve ser a política. A política não é um jogo sujo, em que quem sair menos enlameado é rei. A política DEVIA ser o PRIMEIRO espaço onde se pratica o que se prega, ou seja, o local da méritocracia por excelência. Quantos quadros são desperdiçados por questões laterias, irrelevantes e mesquinhas? E quantos outros, de menor qualidade, são incluidos por igual tipo de questões...?

A força de uma ideologia não passa só pela diversidade e discussão de ideias, passa também no consenso de que é possível alargar horizontes de uma forma harmoniosa. Não basta parecer-se ou transparecer-se. É preciso ser-se, interiorizar-se. É preciso fortalecer laços, não abrir brechas. É absolutamente necessário partir-se do interior para conquistar o exterior. Saiba-se ser merecedor dos valores que se ostenta.

Continuo agastado com este tipo de política. Sei que ela existe em todos os quadrantes, mas sou dos tais que acredita que é possível fazer melhor, que acredita no poder da crítica, mas que preza os valores que defende logo na sua própria casa.

Por Portugal!
A bem da Nação!
A bem da Pátria!

4 comentários:

Nuno Q. Martins disse...

Muito bem!

VerDesperto disse...

subescrevo

Migas (miguel araújo) disse...

Amigo Carlos Martins
Finalmente alguém que me compreende.
Parabéns
Este post está pura e simplesmente divinal.
Excelente

Anónimo disse...

Caro amigo, subscrevo e partilho a tua opinião acerca da política e das "politiquices". Parabéns pelo artigo