sábado, outubro 27, 2007

Afinal...nem é assim tão mau como dizem!

O PS de Aveiro, por via dos seus vereadores irá aprovar o empréstimo a ser contraido pela CM de Aveiro para fazer face a dívidas de curto prazo. Como sempre foi dito (pelo menos por mim) a dívida deve ser para com instituições de crédito, e não via esforço de credores da CMA, cujo core business não é a concessão de crédito, e que por causa do atraso viram a sua saúde financeira muito afectada.

Esta foi uma forma adoptada no passado mandato para gastar mais do que podia, esticando prazos de pagamento ao limite (e passando-o largamente) e que se revelou desastrosa do ponto de vista de gestão para o Município. A CMA endividou-se à custa da sua honorabilidade e credibilidade.

Finalmente o PS de Aveiro reconhece este erro de gestão cometido por si (ou em sua representação - uma parte de cada, penso), aprovando o emprestimo de 58 Milhões de Euros em sede de reunião de Câmara na próxima Segunda-Feira.

O PS - assim como toda a comunicação social local - pode menosprezar este facto, mas é o maior reconhecimento até ao momento dos erros do seu anterior mandato à frente da CM de Aveiro.

[ver notícia aqui]

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Carlos Martins,
Concordando no todo com o que escreve, apenas sublinharia o facto de que o "chefe" das tropas socialistas aveirenses ter já referido publicamente que esta solução havia sido apontada por si várias vezes no passado ao então Presidente da Câmara, Dr. Alberto Souto que, como é evidente, nunca a quis seguir ou adoptar.
Se este voto a favor é, como diz, o "maior reconhecimento", aquelas palavras públicas do Dr. Martins são arrasadoras no que diz respeito à gestão financeira do Executivo anterior e demonstram bem o que faltava em consideração e respeito pelos fornecedores da Câmara de Aveiro.
Aliás, demonstram também que só agora, livre ou pretensamente livre de amarras, o Dr. Martins tem a coragem de dizer publicamente o que na altura deveria ter dito e até ter proposto, como deputado municipal responsável, que todos os aveirenses pressupõem que seja, independentemente do apoio ao Executivo da sua cor política.
Não o fez, calou-se, em nome sabemos bem de quê e agora poderá ser muito bem responsabilizado solidariamente, juntamente com o Dr. Souto, o Dr. Brandão, a Eng. Lusitana Fonseca e todos os outros, pelos estado a que as finanças do Município chegaram.
A política tem destas coisas; e é triste constatar que, apenas quando se posicionam candidaturas, os heróis aparecem a dizer e reclamar grandes verdades e lógicas incontornáveis. Retenha apenas que todos eles estavam no mesmo barco e que agora alguns, com destaque para o Dr. Martins, abandonou o navio naufragado, empurrando borda fora do bote os seus "compagnons de route" de quase 8 anos.
Cumprimentos.

Terra e Sal disse...

Caríssimo Carlos Martins:
Isto é que é uma coisa…Ando meses sem cá vir, quando cá venho, entusiasmo-me de tal ordem que acampo, e até parece que venho passar férias…
Ontem, nem sei se deu por ela, fui ao seu post abaixo, que falava de “Política honesta”.
Olhe que, embora o dia de “Todos os Santos” ainda venha longe, fartei-me de lá chorar, a fazer-lhe queixa, até parece que me puseram mau olhado, livra!
No fim, quando acabei de desabafar senti uma dor. Mais do que nunca, ali, sozinho, longe de tudo e de todos, senti o sofrimento da Coligação que anda aí pelos cantos a chorar, como uma “Madalena” que até lhes tira a vontade de trabalhar.

Então pelo que nos diz, os Socialistas aprovaram um empréstimo de 58 milhões que você até se “passou dos carretos” com tanta bondade da parte deles.
Eu também fiquei pasmado, não por eles, mas pelo seu espanto.
Ai Carlos Martins, Carlos Martins, você avalia os partidos muito pela “rama”.

Então você não sabia que os Socialistas são uns mãos largas?
Acha que eles se iam opor a que a Coligação pedisse esses trocos?
Com o devido respeito você nem parece economista.
Para avalizar esse valor, sinceramente, e tanto quanto os conheço, nem entendo para que fizeram o raio da reunião. Tenho a certeza que eles avalizavam pelo telemóvel.

Olhe, “agarrados” e “somíticos” mesmo, são os Comunistas e os do Bloco de Esquerda. São uns “unhas de fome ...
Eu nada tenho a ver com os Socialistas, como VC sabe, mas não diga como disse acima, que eles ao aprovarem o empréstimo estão a reconhecer um erro de gestão da parte deles.
Eles vêm é que a Coligação não consegue dar conta do recado, e então devem ter chegado à conclusão que com tanta falta de arte e engenho, só com rios de dinheiro é que lá vão.
Olhe que aproveitem a oportunidade, a ver se finalmente o povo, vê alguma coisa de palpável.
Acha que se estivessem lá os Socialistas que as coisas andavam assim, ou que precisariam do empréstimo?

Você não explicou é se o dinheiro que vão pedir é para acrescentar à dívida velha, ou se a partir de agora, a “velha” estaciona e vão criar uma dívida nova, mais jeitosinha e menos ranhosa.
Mas ainda estou siderado por você achar espectacular que os Socialistas tenham avalizado o empréstimo de 58 ou 60 milhões.
Pense grande Carlos Martins, pense grande, se não, nunca mais saímos da cepa torta.
Olha que isto: 58 milhões. Como se isso fosse dinheiro.
Vê-se bem que não dava para ser filho de um banqueiro do BCP.
Cumprimentos.

Carlos Martins disse...

Caro Terra&Sal,

Eu compreendo-o. Também me parece os 58 milhões peanuts, mas também sei que dentro da migalha que tal representa poderá enfim colmatar o sufoco dos muitos credores da CMA.

Pensar pequeno é de facto um grande defeito de muita gente, garanto-lhe que não me incluo nesse grupo. Mas nã o vejo com maus olhos este emprestimo. A CMA deve dever dinheiro, mas a instituições de crédito. Por mim - e ja o afirmei várias vezes - o sistema de endividamento das autarquias portuguesas devia seguir o caminho do mercado mais liberalizado e sem recurso a "negociações" com bancos. Por outras palavras, o mercado de obrigações municipais devia ser posto em prática, desta forma todos saberíamos exactamente qual o risco exacto de default que cada autarquia tinha e portanto auferir qual a taxa de juro justa a ser-lhe cobrada. É assim que as economias modernas funcionam, e não com atrasos e prolongamento de prazos; sem intermediários que exigem contrapartidas; com cedencias a interesses externos.

Mais, nos EUA (sim, eu sei que critica fortemente a sua excessiva liberalização) os munícipios - que não corresponde todavia à mesma noção de área e governo que as nossas - tem não só a capacidade de emitir dívida, sendo que o mercado dita o seu preço, como também tem o direito de emitir dívida especial sobre projectos de interesse para a população, isto é, a população pode subscrever essa mesma dívida (obrigações municipais, portanto) sendo que será remunarada consoante tanto o risco de não pagamento como pelo retorno desse mesmo projecto. Ou seja, os governantes são responsabilizados pela via mais eficiente (quando o eleitor sofre no bolso os desvaneios do governante, por certo está mais atento) como os eleitores são convidados a participar.

Agora imagine que uma dívida deste género tinha sido criada para um projecto como o EMA...