Todos aqueles que, como eu, tiveram a sua formação académica em Economia, estudaram modelos como o famoso IS-LM, e viram a relação entre inflação, taxas de juro e crescimento económico.
Um dos pressupostos desse modelo era ser analisada uma economia que detivesse o poder de decisão da política monetária e cambial (sendo que são a mesma coisa, na prática).
Ora, neste momento, Portugal não decide a sua política monetária, o mesmo será dizer, não tem capacidade de emanar uma taxa de juro de referencia, ou de alterar a quantidade de moeda, seja para influenciar a taxa de redesconto e as taxas de juro praticadas no crédito, seja para valorizar ou desvalorizar a moeda.
Nada disto seria problemático se a taxa de juro que é praticada no Banco Central fosse mais baixa do que necessitamos, sem termos o problema da inflação (pois há moeda única, pelo que o recurso ao crédito e o consumo são incentivados numa epoca de crescimento, dissipando-se no efeito moeda única, com consequencias apenas marginais na inflação).
O problema surge quando a economia necessita de incentivos do banco central, tais como taxas de juro baixas (neste caso manutenção) e o BCE decide que a pressão inflacionista na zona euro obriga a um aumento das taxas de referencia. O consumo retrai-se quando estaria a retomar o seu rumo de crescimento.
Surgem então críticas ao modelo do BCE. Nada de mais errado. Não é por acaso que o único objectivo do BCE é zelar pela estabilidade de preços. Trata-se de um problema de agencia (agency conflict). Se o BCE tivesse tambem como objectivo o crescimento económico, poderia ser levado a fazer crescer o ritmo económico atraves do aumento da massa monetária, e isto nao é mais do que o modelo keynesiano, onde o aumento dos Gastos Publicos, leva a um aumento do Rendimento Disponível via aumento da massa monetária em circulação. Obviamente, tal é uma medida que resulta no curto prazo.
É portanto importante que as politicas do BCE continuem como estão. Não porque sejam populares, mas porque são as correctas para zelar por condições propicias às actividades económicas. E o BCE é extremamente conservador nas suas acções, esticando ao maximo para evitar efeitos negativos na economia via aumento das taxas, sem a respectiva justificação inflacionista. Mas o efeito petroleo deve ser suficiente. Alias, os bancos ja anteciparam este aumento. Tudo isto torna, ao meu ver, o crescimento mais rapido da zona euro cada vez mais dificil, sendo que só provavelmente em 2008 teremos crescimento económico propriamente dito.
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