terça-feira, outubro 24, 2006

Incoerências

O Sistema Nacional de Saúde (SNS) está economicamente em muito mau estado. No entanto, o Governo quer sobrecarregar o sistema com a IVG.

Será que a IVG, interrupção voluntária da gravidez - vulgo aborto-, irá ser pago pelos contribuintes para o SNS ?

Se sim, porque haveremos de nós, contribuintes, apoiar uma medida que claramente é um desincentivo (eu chamaria dilaceração) à natalidade, quando é precisamente através da natalidade que se poderia resolver problemas como o da segurança social?

Parece populismo e demagogia política, mas é verdade: fecham-se maternidades e abrem-se clínicas de aborto.

4 comentários:

Anónimo disse...

isso assim visto tá certo, mas e as liberdades individuais de escolha?

Carlos Martins disse...

Do feto ou dos pais?

José Manuel Dias disse...

Caro Carlos Martins

São questões diversas e que, a meu ver, não devemos misturar. A questão da despenalização do aborto é do foro íntimo. O Freaknomics, livro que bem conhece, estabelece um paralelismo entre a despenalização do aborto e a diminuição da criminalidade nos USA. As mulheres com recursos, querendo, podem praticar o aborto em clínicas especializadas Espanholas as outras, sem recursos, ou não o fazem ou fazem-no em condições degradantes, com riscos para a própria saúde. Admito, no entanto, que outras pessoas possam ter entendimento diverso. Estão no seu direito. Quanto a ser o SNS a suportar esse custos, poderíamos então ser levados a perguntar porque é que temos de suportar o tratamento de quem não tem cuidados com a sua própria saúde, fumando.( Espero, designadamente para seu bem e de quem consigo partilha o espaço, que não fume, para não interpretar erradamente o que pretendo transmitir).
Quanto à questão do encerramento das salas de parto, e não maternidades, o que está em causa é um parecer de médicos especialistas que recomendam justamente essa medida em defesa da melhoria da qualidade de atendimento das parturientes. Já agora permita que lhe cite as declaraçõe do Ministro de Saúde da Nova Zelândia Simon Upton " Eu não posso controlar a vida das pessoas, não posso obrigar as pessoas a viverem saudáveis, portanto não posso ser considerado responsável pelo seu estado de saúde. Contudo, o que eu tenho de controlar, em nome do governo, é a despesa pública com os serviços de saúde".
Cumps

Carlos Martins disse...

Caro Jose Manuel Dias,

É obvio que a problemática do aborto tem pelo menos 3 niveis de análise. Sociologico, ético-moral e clínico. VOu deixar de lado o jurídico.

A nível sociológico, o exemplo do Freaknomics é excelente. E faz sentido. Menos crianças nascidas nas zonas problematicas, menos recem-nascidos com probabilidades de se tornarem criminosos. Uma conclusão brilhante que o autor expos, e com a qual concordo perfeitamente. A conclusão, claro. Não posso é concordar que se decida quem possa ou não nascer com base na probabilidade de vir a tornar-se criminoso...

Depois vem o nível clínico. Também estou de acordo que a praticar-se o aborto, se faça com as condições necessárias. Não é com as condições ou falta delas que discuto. A questão moral é que aflige.

OU seja, a nível etico-moral, não tenho a certeza que o aborto seja o caminho evolutivo próprio para a Humanidade no sec.XXI... E isto vale para ricos e pobres. Acho antes que se deve prevenir. Educar. Isso sim.

E já agora, não meta tabaco e aborto no mesmo saco:

1. O Tabaco é taxado pelo governo fortemente; logo à partida está a financiar (ou pelo menos deveria) o SNS;

2. FUmar ou não é uma decisão de quem fuma e afecta principalmente quem fuma (apesar de tambem afectar os fumadores passivos...); o aborto é uma decisão que afecta o facto do feto nascer ou não (não vou entrar na discussão da vida);

3. Veja só o que me fez fazer: obrigou-me a defender os fumadores... :)

Cumprimentos