quinta-feira, maio 20, 2004

Ainda o Ouro Negro II

Agora ultrapassando a mesquinhez da politica nacional, passemos ao que realmente interessa e nos afecta a todos: a crise petrolifera do inicio do seculo XXI.

Ora, o petroleo nunca esteve tao caro, nem mesmo nas crises de 72 e 79. Os especialistas afimam q desta vez o problema centra-se na procura e nao na oferta como nos anos 70´. E correctamente. A pressao da aceleraçao da economia na procura de combustiveis sobre um bem escasso (e precioso) como o petroleo tem obviamente o efeito positivo sobre o preço. Ha contudo aqui varias questoes a equacionar:

primeiro. o q os países produtores de petroleo tem a ganhar com o crescimento da economica mundial?
muito. Sao paises subdesenvolvidos com grande concentraçao de riqueza. Acaba por ser um problema civilazional, pois os detentores do capital nesses paises pouco sofrem com a crise economica internacional (e para ser frio, os pobres estao em estado tal de pobreza que tb nao sentem muito a diferença). Portanto, é de fora q vem os sinais de que nao esta tudo bem. Menos investimento, menos prosperidade oferecida ás populaçoes. Em ultima analise, se a economia internacional cresce, ha mais probabilidades destes paises se desenvolverem (em vez de enriquecerem) pois ha maiore preocupaçao dos paises desenvolvidos em amenizar as diferenças entre povos.

segundo. alternativas?
está na altura de terminar a dependencia do petroleo. nao é nada de impossivel, alias, as invençoes ja estao feitas, é so necessario ultrapassar o lobbie dos grandes donos do petroleo. Aí entraremos numa nova era...

terceiro. perspectivas dos paises produtores de petroleo qd o petroleo nao for mais absolutamente necessário.
estes paises devem rever as suas politicas de investimento, pois apesar de possuirem um bem inestimavel para a humanidade hoje em dia, os preços incentivam á utilizaçao/criaçao de alternativas viáveis, pois cada vez menos os paises desenvolvidos estao na disposiçao de se encontrarem numa situaçao de dependencia face a terceiros neste aspecto.

quarto e ultimo. OPEP
a politica é correcta sob ponto de vista de maximizaçao dos lucros. nada se poderá fazer economicamente. mas politicamente, estes paises precisam manter as suas ditaduras, ou proteger se e nesse campo, entram as grandes potencias, que querem as suas economicas a crescer c petroleo a preços baixos... é o equilibrio civilizacional podre que temos hoje em dia...ao menos é em mercado livre...

Ainda o Ouro Negro

Nao é meu timbre insistir nem vangloriar me sobre posts anteriores, o facto é q este blog ja ha algum tempo (mesmo antes da comissao da concorrencia reunir) havia soltado alguns dados fundamentais no que concerne ao mercado dos combustiveis em Portugal.

A verdade é q ha cada vez menos duvidas q estamos perante uma situaçao de aproveitamento de poder dominante no mercado das grandes petroliferas, com a natural influencia no preço. Isto é conluio puro, tacito. Todavia, proibido. Ha formas de provar q isto acontece, espero q a autoridade da concorrencia actue em conformidade, para bem de todos.

Aproveitaria este tema ainda para falar sobre as declaraçoes do senhor lider da bancada parlamentar do PS na assembleia da republica. Ora, agora critica o facto de os impostos em Portugal sobre os produtos petroliferos serem substancialmente mais elevados que em Espanha. É um facto inegavel. Mas ate pode ir a hipocrisia de um politico... Primeiro de tudo, ficamos a saber q é politica do partido socialista um menor peso do Estado na economia, por vida da diminuiçao da carga fiscal. Incrivel quando cada vez menos o PS se sente á vontade com a economia de mercado livre... Segundo, ficamos tambem a saber que os socialistas se distanciaram dos verdes e de toda a politica ambientalista (cuja legitimidade é aparentemente açambarcada pela esquerda nacional) ao criticar um imposto q visa claramente incidir o consumo de combustiveis em Portugal, constituindo um "pagamento" pela poluiçao provocada pela combustao. Terceiro e mais obvio argumento, os socialistas perderam por completo a vergonha ao criticar um imposto que claramente ajudou e de que maneira a solucionar (ou tentar) o problema da situaçao altamente deficitaria em q deixaram as finanças publicas. Dr Jose Seguro, com oposiçao assim, muito mal vai o pais se o governo nao se mantiver no poder por mais 20 anos...

terça-feira, abril 27, 2004

A Shell e a GALP subiram na 5ª feira os preços dos combustíveis em 1,1 cêntimos. Conluios na nossa economia? Não! Só coincidências..

sexta-feira, abril 16, 2004

O segundo imposto mais estupido

Foi hoje q o presidente da associaçao europeia de construtores de automoveis declarou a sua discordancia com o elevado indice de imposto automovel no nosso País.

Ora, apesar deste senhor espanhol nao ter sabido argumentar da melhor maneira este facto, a realidade é q este imposto é extraordinariamente elevado e ridiculamente injusto.

Analisemos pois a razao de ser deste imposto. Todo o imposto deve de certo modo dissuadir um mal á sociedade ou delimitar um consumo de um bem luxuoso, para redistribuiçao de rendimento. Se o facto da existencia de demasiados automoveis é um facto e, portanto, um mal, ja a sua classificaçao como bem de luxo ja é algo duvidosa, pelo que, excluirei essa possibilidade. Ora, sendo um mal, tem q ser tributado. Muito bem. É um mal porque? pq polui, pq afecta a qualidade de vida. Indiscutivel. Se é assim - e parece-me falacioso nao o ser - entao é logico que sejam os veículos mais poluidores a pagar mais. Argumentarao alguns que isto ja acontece assim, pela tributaçao associada á cilindrada. Mas o facto é que os veículos novos sao extraordinariamente menos poluentes que os mais antigos (de lembrar que o parque automovel portugues continua sendo dos mais antigos da europa); seguindo este raciocinio, pq tributar de forma tao elevada algo que, no fim de contas e tendo em atençao que o facto de uma pessoa aquirir um automovel novo em muitos dos casos ja possui um mais antigo, entao trata-se de um imposto que, em ultima analise é prejudicial, ou seja, ha um efeito perverso na aplicaçao deste imposto. Depois ha a questao da dinamizaçao da economia, onde o aumento percentual da venda de automoveis constitui per si uma melhoria e aumento dos postos de trabalho directos (vendedores) e das oficinas das marcas e multimarca. Para ja nao enumerar da atractividade que tal constituiria para os proprios fabricantes em apostar num mercado potencialmente muito bom.

Concluindo, trata-se de um imposto que favorece - e de que maneira - as contas do estado - mas cuja analise de uma possivel diminuiçao com consequente aumento absoluto de receitas nao foi levado em linha de conta. Mais automoveis novos, menos poluentes, mais economicos, mais seguros na estrada, nao é algo que deva sofrer a penalizaçao elevada de que é alvo de momento. Ha é falta de coragem politica para retirar o Estado de mais um sector, pois ha que nao esquecer q o preço final reflecte um imposto que é superior ao preço base do veiculo.

segunda-feira, abril 05, 2004

"el fenomeno saramago" ou ensaio sobre a insanidade

A arte é algo intrinsecamente subjectivo. Mesmo a escrita, por mais estranha que possa ser. Contudo, ao contrario do que muitos possam pensar, ser livre nao é dizer-se tudo o que se quer, ser livre é viver numa consciencia de respeito pelos outros, nomeadamente pela inteligencia dos outros.

Ora, o que este senhor que vive em Espanha, numa ilhota infelizmente nao isolada do mundo civilizado, que se auto-afastou de um país o qual critica mas no qual teima em aparecer e a dar opiniao, resolveu mais uma vez atentar contra a nossa inteligencia e fazer as delicias dos pseudo-intelectuais de esquerda que proliferam por esse País fora.

Lamento imenso, mas Portugal jamais será a "Republica Popular de Portugal" e cada pessoa tem ha muito tempo o direito de escolher quem acha que melhor desempenha as funçoes de governo atraves de voto secreto e livre. Estará esgotado este conceito, essa coisa a que chamam Democracia? Talvez, mas como alguem disse, ainda nao inventaram nenhum melhor.

terça-feira, março 16, 2004

Espanha - A vitória do terrorismo








De que adiantam 8 anos de prosperidade económica? Ao longo destes 8 anos sempre fui admirando um político que apesar de não ser do meus país, sempre transpareceu uma postura de dignidade como poucos. Não era ele que estava directamente sujeito ao escrotínio, mas sim o seu sucessor, Mariano Rajoy. Dos dois mandatos, tudo foi esquecido, como se uma bomba tivesse apagado a sua política. A esquerda, encontrou no atentado de Madrid a sua oportunidade de regressar ao poder, e não a desperdiçou.

Não era a política que era discutida, mas sim, quem tinha feito o atentado em Madrid. A direita esperava que tivesse sido a ETA, a esquerda a Al-Queida. A lotaria calhou à esquerda. Não parece isto tudo ridículo, quando o que está em causa é o futuro de um país? A questão que se deveria colocar seria: está o povo espanhol ao lado do seu líder quando este decidiu apoiar os Estados Unidos na guerra no Iraque? Se não fosse essa a vontade, compreender-se-ia a vontade de mudança. O problema é que todos ficaram com a sensação que este atentado tivesse sido cometido uns dias depois, o PP não perderia as eleições. Foi claramente uma eleição "a quente". E mais que os 200 mortos no atentado, essa foi a grande vitória do terrorismo.

Nota 1: Na hora da derrota estranhou-se o facto de Aznar ter aparecido ao lado de Rajoy. Nada que me tivesse espantado, num homem que pelo que fez pela Espanha, não merecia ter o final de governação que teve.

Nota 2: Li hoje no Jornal de Notícias algumas reacções da vitória de Zapatero. Gostaria de destacar a de Mário Soares: "Os espanhois perceberam que o atentado teve a ver com a Al-Queida e não com a ETA, pelo que estão de parabéns". O ridículo da frase, adjectiva-se a si mesma.

sábado, março 13, 2004

Terrorismo - O Pesadelo do século XXI



É uma guerra que o mundo não sabe como vencer. Porque não basta ter um arsenal militar maior, nem tem um teatro de operações definido. Pode acontecer em qualquer lugar, a qualquer hora, sem aviso prévio. E aquilo que estamos a ver, é apenas a utilização de armas convencionais. Vamos esperar para que não tenhamos que assistir ao uso de armas químicas ou biológicas.

A única forma de vencer esta guerra, não passa por ceder, mas por verificar que não basta o nosso país estar bem para estarmos bem. Quando tanto se fala em globalização, cabe aos países unirem-se e resolverem não só os seus problemas, mas também aqueles cujos intervenientes não o conseguem. Estamos habituados a ver com alguma naturalidade os consecutivos atentados, quer na Palestina, quer em Israel. Agora que essas barbáries chegam ao pseudo mundo civilizado, todos ficamos chocados. Será que é preciso que a Europa e os EUA sofram na pele as consequências desses atentados para por como prioridade a pacificação do médio oriente?




sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Mais um debate...

Sempre achei piada aos debates parlamentares. Porque nunca servem para grande coisa. Governo e oposição entram com as suas ideias, e saem de lá exactamente com as mesmas. Ainda está para surgir um debate onde no final se oiça: "eles afinal até têm razão".
Mas porque é que isto nunca se ouve? Porque raramente alguém tem razão. No debate de hoje as ideias chave eram: o governo a congratular-se pelos 2,8% do défice orçamental; a oposição a criticar a polítca económica seguida pelo governo.
A questão é que nem o governo tem motivos para se orgulhar do seu feito, nem a oposição tem argumentos válidos para afirmar que o caminho seguido é errado. Porque não é. O Banco de Portugal e o Banco Central são muito claros ao dizer que não restava outro caminho a seguir, sem ser o de rigor orçamental. Por outro lado, Durão Barroso não tem motivos para enaltecer tanto o seu feito de descer o défice abaixo dos 3%. Da forma que o fez até o Engº Guterres o poderia ter feito. O problema era que nessa altura, ninguém sabia realmente qual era o nosso défice. Ou se o sabiam, não sabiamos nós.

Nota: Claro que sempre há a teoria do deputado Luís Fazenda do BE, onde a recuperação económica deveria ser feita através do aumento dos salários, de forma a incentivar o consumo privado e, por conseguinte, estimular a economia nacional... Isto até aconteceria. O problema seria a inflação decorrente desse processo,e aí, já não havia volta a dar.

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

"Não contem comigo para uma reforma dessas. As empresas pagam poucos impostos em Portugal."

Não sou eu quem o digo. Aliás não tenho na minha mão elementos que me permitam dar uma opinião. Mas acredito-me no que leio e no que aprendi ao longo destes anos. A frase é do dirigente sindical da UGT João Proença, pessoa que aliás até tenho em conta, e que ao contrário do dirigente sindical da GCTP nem me parece sedento de protagonismo. Mas a frase em si parece-me grave. É frequente comentar-se o excessivo peso do fisco na economia nacional, peso esse que leva a menos investimento estrangeiro na nossa economia (tendo os mesmos resultados antes de impostos, um empresa lucra mais em Espanha ou França do que em Portugal). O próprio Governo concorda com o elevado IRC que as empresas pagam, de tal forma que pretendem reduzir o IRC futuro, de uma forma gradual.

Frases como estas vão-me ajudando a perceber em que consiste a luta sindical em Portugal: os trabalhadores até podem não ganhar mais, mas também não deixamos que o Capital ganhe. Será engano meu, ou as empresas com melhores resultados não podem pagar melhores salários aos seus trabalhadores?

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Um pouco de "política"...

Dia: 17 de Fevereiro de 2004
Local: Tribunal de Aveiro

Já há muito que nos habituamos a ver as mais incríveis formas de demagogia política, praticadas pelos nossos partidos políticos mais à esquerda. Ora são os dirigentes ao lado dos trabalhadores que infelizmente perdem o seu emprego (é curioso porque se sentimentos são tão nobres porque é que tem que estar lá sempre um câmera de televisão?), ora nas mais manifestações anti-globalização (que acabam sempre com uma carga policial sobre os manifestantes dado o seu bom comportamento) ou de qualquer outro cariz anti capitalismo.

O que vimos esta terça feira, foi um inadmissível aproveitamento político, de um caso que por si é polémico. Não faço qualquer crítica à posição destes partidos, mas sim à forma como usaram o tribunal para mais uma fantochada política. Os portugueses foram sondados e, apesar da fraca adesão do referendo, disseram não há despenalização do aborto. Como o resultado não agradou à nossa esquerda tão democrática, argumenta-se agora que o referendo não teve um carácter vinculativo, dada a fraca adesão.

Agora eu pergunto: se o resultado tivesse sido favorável as suas posições, será que estes aceitariam um novo referendo promovido por quem em consciência defende a não despenalização do aborto? É lógico que não. Merece este tema um debate sério, dada a gravidade do assunto em questão? Sem dúvida. Agora não se utilizem os tribunais, símbolos de um verdadeiro Estado democrático, para mais circos e minutos em prime time nas televisões.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

gasolina liberal: ilusao ou desilusão?

A liberalização do mercado de combustiveis foi uma noticia recebida com algum entusiasmo por parte dos consumidores, contudo pouco a pouco tem vindo a revelar-se como quase um case study do funcionamento de um mercado, mas em sentido nao esperado pelos compradores de combustivel.

A questão de tao simples parece escapar a todos os nao economistas. O facto é que este é um mercado onde apenas 3 empresas tem o poder de fazer variar os preços. Ora, estas empresas de distribuiçao nao iriam entrar numa guerra de preços desnecessária pois tal levaria ao nivelamento dos preços equivalente ao preço de custo. Isto em nada beneficiaria qualquer uma delas. Pelo contrario, o conluio (tacito, claro) optimiza o nivel de preços (e, portanto os lucros) sem entrarem em guerra de preços, olhando apenas para os sinais que cada uma lança no mercado. A faixa que cada uma adquire fica garantida e nao ha quebra de lucros.

Ha uma questao lateral que tambem deve ser objecto de analise. É o caso das gasolineiras nao dependentes em termos de marca e, portanto, com mais liberdade de imposiçao de preços. Nestes casos, como se trata de empresas muito pequenas, a franja de mercado que atingem nem belisca a posiçao dominante das grandes empresas que podem, sem fazer variar o preço, continuar a praticar preços acima dos Custos Marginais. Estas pequenas empresas, pelo contrario, para sobreviverem tem que conquistar uma faixa de mercado atraves de preços baixos. E conseguem-no. Esta coexistencia pode, de facto, a espaços beneficiar o consumidor, mas sem efeitos significativos a nivel macro.

Ainda de referir que esta se trata de uma area de negocio estruturalmente pouco rentavel, isto é, a rentabilidade do negocio das gasolineiras é relativamente pequeno pelo que a tendencia é, obviamente, para o aumento das rentabilidades para a media do mercado...

Portanto, a medida do governo foi em minha opiniao muito boa, mas nao porque iria baixar os preços, como se esperava. Antes pela coragem demonstrada em tirar poder ao Estado em controlar uma área da economia que deve deambular e oscilar conforme os ventos da oferta e procura queiram. Contudo, resta uma fatia enorme de impostos sobre os combustiveis, que se revelam uma forma indirecta de controlo sobre este mercado e uma forma de obter receitas para o Estado. Se indubitavelmente é necessário cobrar os custos de poluiçao (atraves do metodo do Poluidor Pagador) é tambem necessário ter a visao da importancia dos combustiveis na economia nacional e do impacto que estes preços terão na rentabilidade das nossas empresas. Por outro lado, se ha um sobrecarregamento ao nivel dos combustiveis com a intençao de poluir menos, há que fornecer alternativas crediveis e sustentáveis, caso contrario o imposto é apenas um meio de recolher receitas, quando um imposto deve ter uma clara intençao de modificar habitos e moldar atitudes menos favoráveis para o País (para ser, portanto, justo). [espero em breve poder postar neste blog sobre a justiça dos impostos de uma forma mais geral]

sábado, fevereiro 14, 2004

Resposta ao Esclarecimento do Francisco:

Como é obvio, jamais foi minha intençao beliscar minimamente a dignidade de quem trabalha para ganhar o seu salario honesta e dignamente. Muito pelo contrario. Vou essencialmente contra aqueles que se dizem defensores dos trabalhadores e que apelam à sua força em conjunto para apoiar as suas ideias. O factor Capital de nada serve sem o factor Trabalho, isto é, sem os trabalhadores. Eles sao parte indissociavel da economia e como tal, devem ser respeitados e os seus direitos preservados, sem que, contudo, estes direitos ponham em causa a propria economia, pois caso contrario entrariamos numa contradiçao existencial da propria economia e dos trabalhadores (mais concretamente do seu posto de trabalho). Ou seja, direitos dos trabalhadores sim, mas nao de tal forma que estes direitos ponham em causa o natural crescimento da economia que, em ultima analise, é o que de facto dá segurança e perspectivas de melhoria das condiçoes de trabalho e de vida aos proprios trabalhadores.

Uma ressalva, ainda: a minha posiçao assumidamente neo-liberal nao me impede em nada de criticar tambem a postura de muitos empresários que nao respeitam os trabalhadores, embora seja pragmático na minha posiçao de que o objectivo da empresa é pura e simplesmente criar valor acrescentado, ou seja, o lucro. So que ha varias formas de chegar a esse lucro, algumas com maior consistencia temporal e que respeitam os trabalhadores. Critico, portanto, alguma falta de visao dos actuais gestores e empresarios da esmagadora maioria do tecido empresarial nacional.
Um pequeno esclarecimento

A postura assumida neste blog pode parecer por ventura como uma consipração "anti trabalhadores" ou algo nesse intuito. Convém esclarecer que nenhum dos autores pretende menosprezar o factor trabalho, até porque, como recém-licenciados, temos um mercado de trabalho à nossa espera. O que aqui é criticada é a forma como os sindicatos (ou alguns) defendem uns pseudo-interesses dos trabalhadores. Será que paralisar constantemente o país é uma boa forma de reivindicar? Será que ainda ninguém se aperecebeu do fenómeno que existe em Portugal de banalização da greve? É que a ideia que passa é que hoje em dia faz-se greve por tudo e por nada, e definitivamente, não parece ser esse o caminho a seguir.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

CGTP - Circo Geral dos Trabalhadores Portugueses

Ontem foi-nos possivel assistar a mais uma encenaçao levada a cabo pela fantastica e hilariante CGTP. Desta feita resolve por em causa, perdao, resolve atacar veementemente as propostas dos mais ilustres e proeminentes Economistas e Gestores portugueses e nao só, contando-se entre eles Académicos perfeitamente insuspeitos politicamente, Gestores com responsabilidades ao mais alto nivel e personalidades de inquestionavel mérito, rigor e inteligencia. Inquestionável, ate hoje...

De facto, a nossa querida e amada Central Sindical acha que estes ilustres senhores apenas se juntaram para retirar direitos aos trabalhadores, porque, segundo a mesma Central Sindical, estes economistas regem-se pela ideologia do cifrao... Mas nao se ficaram por aqui. Proferiram a declaraçao mais incrivel e inacreditavel dos ultimos tempos. Desta vez o ridiculo chegou quando resolveram acusar estes economistas de diferenciar as pessoas pelo mérito! Absolutamente hilariante. Sr. Carvalho da Silva, entenda uma coisa: AS PESSOAS SAO E DEVEM SER DIFERENCIADAS PELO MERITO, nao estamos em qualquer dessas pseudo-economias socialistas que nunca chegaram a se-lo (e mesmo nessas, o mérito era, obviamente, compensado). Sr Carvalho da Silva, os direitos dos trabalhadores nao se defendem apenas mantendo a sua atitude arrogante. Os direitos, tal como tudo na vida, nao sao estaticos. O resto do lixo legislativo que a Revolução de Abril nos trouxe cega-o! Nos resistimos ao PREC. Portugal é, teoricamente, uma economia de mercado (apesar da Constituiçao dizer em contrario). Estes Economistas reuniram-se para tentar dar soluções à crise nacional tao propagada pela esquerda. Ora, a logica diz-nos que para resolver uma crise economia, deverá ser adoptada uma solução economica...quem melhor que os melhores economistas para o fazer? Quem é o Sr Carvalho da Silva para por em causa soluções vindas dos melhores economistas portugueses? E por ultimo, vou voltar a bater na mesma teclar: a melhoria da economia portuguesa é que garante uma melhoria das condiçoes de vida dos portugueses, nao é a batalha eterna pela defesa de direitos de trabalhadores digna de um qualquer país com uma foice e um martelo na bandeira...

sábado, fevereiro 07, 2004

A favor da flexibilidade

Portugal é o país da OCDE com o mercado de trabalho menos flexível. Será isto bom? Mau? Tem alguma importância? Bom, vamos por partes. O que se entende por flexibilidade no trabalho? Um país com um mercado de trabalho flexível, permite que, havendo uma região ou sector económico com excesso de trabalhadores, e outra região ou sector com escassez, os trabalhadores possam facilmente deslocar-se no sentido de colmatar esta escassez. Ou seja, Portugal é um país onde isto acontece com muita dificuldade, constituindo um entrave ao aumento da nossa riqueza. Porque é que isto acontece? Por uma série de razões. Em primeiro lugar porque grande parte da nossa força de trabalho tem alguma dificuldade em aceitar a mudança. Estamos a falar de pessoas com pouca formação, onde muitas desempenham uma tarefa durante uma vida (e não é de menosprezar esse trabalho), e por conseguinte, opõem-se naturalmente à mudança.

A segunda explicação para a falta de flexibilidade, está no peso da nossa legislação no sector económico. Se na primeira razão podemos compreender a dificuldade de alguma pessoas aceitarem a mudança, este segundo caso é inaceitável. Portugal não pode ter legislação que em última análise atrase o seu proprio desenvolvimento. E que tipo de legislação é esta? É a legislação que permite que trabalhadores fraudulentos apresentem baixa durante meses, que permite que trabalhadores malandros absorvam recursos de uma empresa, não contribuindo em nada para o seu desenvolvimento etc...

Se é certo e justo que exista uma legislação que garanta os direitos fundamentais de quem quer trabalhar, esta legislação não pode ser de almofada para malandros. E não são poucos em Portugal. Resultado: temos muita gente com emprego que não quer trabalhar, e muita gente desempregada que gostaria de trabalhar.

É fantastico ver as pessoas pedirem aumentos salariais de 5%. E até o poderiam ter. Infelizmente, a não produtividade de alguns impede que Portugal cresca a um ritmo que permita tais aumentos. Infelizmente também tivemos um Governo que "assaltou" as nossas finanças e que fugiu. O que está la agora, vê-se na necessidade de cortar nos gastos a arrumar a casa. Mas como isto é um trabalho impopular, sabe-se lá se quando a casa ja estiver limpa, não voltem para lá aqueles que a "sujaram".

O que vale é que temos 10 estádios novos para a nossa Superliga, que como se viu no fim-de-semana passado em Guimarães são muito valorizados. Os sócios do Guimarães até tiveram o trabalho de mostrar ao árbitro e ao país, que as cadeiras onde estavam sentados eram desconfortáveis - só vejo essa razão num país desenvolvido para se arremessar uma cadeira para dentro do campo. Ou será que o erro é no adjectivo do país?

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

DisFunção Publica

No seguimento do meu ultimo post, exige-se uma exposição mais profunda ao fenómeno da Função Publica em Portugal. Fenómeno pq nao é normal que 10% da população total de um país (que se diz uma economia aberta, de mercado) se centre na função. Fenómeno pq nao é possivel que haja tanta necessidade de funcionários publicos tal como o numero poderia indicar. Fenómeno pq 1 milhão de portugueses "serve" 10 milhões (sim, eles ainda conseguem tempo para trocar serviços entre si) e tal nao significa serviços de qualidade. Finalmente, Fenómeno pq tem uma noção estranha de trabalho e de emprego: trabalho é o tempo compreendido entre a hora mt-depois-da-hora-de-entrada e o pequeno almoço as 10h ou 11h; da hora do pequeno almoço à hora de almoço; da hora de almoço até à hora do lanche; e...nao, n ha tempo entre a hora do lanche e a hora de saida...arrumar tudo nao é facil... Por outro lado, a noção emprego enquadra-se no espectro do fenómeno na medida em que se trata de algo fora do normal, um fenómeno portanto. Uma particularidade, uma aberraçao. É estranho, mas um funcionário publico nao pode ser despedido. Talvez, se houver algo muito grave, TALVEZ haja um processo disciplinar que lhe retire alguma promoção (este outro ponto, a ver adiante), quiçá suspensão.

Despedir pura e simplesmente pelo facto do funcionario ser mau, improdutivo, nem pensar! Que anormalidade! Que pensamento tao descabido, tao capitalista! Tao economicista! So porque trabalho mal, nao tenho direito a ter o meu emprego cheio de regalias na função publica? So porque sou improdutivo (sim, ler a "Maria" nao é produtivo) tenho quer ser despedido? Que ridiculo! So porque nao se nota grande diferença entre dias de greve e os outros, vou arriscar a minha rica reforma? Estupidez! Vamos é fazer greve tantas vezes qto for possivel para reinvindicar ainda mais direitos, mais salarios e trabalharmos menos tempo!

E assim temos uma fatia enorme da despesa orçamental. Sim, pq 1 milhao de eleitores sao muitos eleitores. A falta de coragem politica nos ultimos anos para tocar neste ponto foram gritantes. Hoje, ha apenas um tenues beliscar daquilo que é dogmaticamente considerado intocavel. Pois bem, nao é intocavel, urge exterminar a horda de sindicalistas improdutivos e que minam toda a (ainda) existente produtividade. É fundamental de uma vez por todas deixar bem claro que nao é possivel alimentar postos de trabalho perfeitamente superfluos.

A politica de contençao orçamental nao é má, os meios para conseguir a conteñção é q sao claramente discutiveis. Apenas estamos a combater o defice conjuntural, agora o defice estrutural (leia-se excesso de funcionalismo publico) continua la. E vai continuar. 20 anos passarão ate que se consiga colocar a função publica a niveis de custos de pessoal aceitaveis em termos orçamentais. Resta saber quantos anos serão necessários para termos a qualidade minima exigida...

Falta referir um pormenor. Um mero pormenor, mas que custa milhoes ao Estado por cada ano que passa...Pois é, os funcionários publicos sao sempre promovidos, mais ano menos ano. E pior, o ridiculo chega ao ponto do actual governo necessitar de colocar uma quota de excelentes maxima, senao - pasme-se - continuariamos a ter todos os anos, 1 milhao de EXCELENTES funcionarios publicos. Mas...será que teremos 5% em cada departamento, como diz o governo? Tanto ?!
é depois dos excelentes, temos os muito bons...e por ai fora...e todos sao promovidos. É fantastico. Afinal a nossa Função Publica é soberba! SOmos Bons! Muito BONS! EXCELENTES! no papel...

deixo vos uma frase tao portuguesa....
"ISTO È UMA VERGONHA!"

e é! Acabe-se com esta vergonha! Alias, funcionarios publicos, TENHAM VERGONHA! O minimo que se pode exigir, é que se calem! Tem segurança no emprego, tem mais regalias que todos os outros (sim, a ADSE parece a Sta Casa da Misericordia) e mt menos trabalho...e tem a pouca vergonha de ainda reclamar!? Numa altura de baixa do ciclo económico onde grande parte dos trabalhadores vivem com a corda ao pescoço a rezar para que a fabrica nao feche? HAJA DECENCIA!

Uma palavra para os sindicatos: TRABALHEM!

domingo, fevereiro 01, 2004

O CANCRO

Nao, nao se trata de mais um ministro do governo portugues acusado de se tornar algo maligno para o Pais por parte de alguem de uma oposiçao sem ideia e notoriamente sem argumentos dignos da luta partidaria ideologica e politica.

Nao, tambem nao se trata desse mal que infelizmente tanto afecta a população em todo o mundo...

NAO!

Trata-se da ideia formada nos tempos da Revolução Industrial, hoje levada a um extremo politico que pouco tem a ver com as ideias dos seus criadores. Trata-se das organizações que em Portugal se dizem defensoras dos direitos dos trabalhadores. Trata-se daquelas pessoas que se dizem a favor do trabalho mas usam a falta dele para se fazerem ouvir.

Estará o País a necessitar de uma cura intensa deste mal? seguramente. Estaremos perante uma forma de fazer politica aproveitando a condiçao fragilizada dos trabalhadores? sem duvida alguma. Estaremos face a um grupo de pessoas cuja unica forma de se fazerem ouvir é pegar em meia duzia de empregados pouco produtivos, dar-lhes mais regalias que a todos os outros para deixarem de trabalhar para espalhar a sua pouca produtividade, acenando com a "cenoura" de melhores salarios sem maior esforço? absolutamente.

FIca a pergunta. O que é um sindicato? Para que serve um sindicato? Que bicho é esse? e mais importante, como se extermina?

Um Sindicato...ora um sindicato é...hmm...

"ja sei! OS gajos que fazem greve!"

Ora nem mais! fazer greve é a (unica) forma usada pelos sindicatos para (supostamente) defender o direito dos trabalhadores. Mas porventura alguem me poderá esclarecer uma duvida permente que me assola constantemente: se o factor trabalho faz greve (convem referir que o factor capital nao faz), ha duas consequencias obvias. A primeira é o facto de haver menor produtividade do TRabalho; consequentemente, menor produtividade para a empresa, menores receitas, os mesmos custos, menores lucros. (é aqui que os sindicatos aplaudem: "muito bem, os senhores do capital, os patroes ficam mais pobres, é bem feito!"). Mas...se o factor capital é pior remunerado...tambem o factor trabalho...em ultima analise enfrenta o risco serio de despedimento. E sinceramente duvido que qualquer empresario tenha gosto em despedir um trabalhador produtivo... Segundo ponto: se só o facto trabalho faz greve, entao proceda-se á remodelaçao, instalando mais factor capital, mecanizando a industria. (mais uma vez, a greve nao está a ajudar). Terceiro ponto: ha uma nova classe trabalhadora em Portugal, que nao faz greve, é extremamente qualificada e produtiva: a onda de trabalhadores de leste. Ora, a opçao entre kem escolher para factor trabalho parece me obvia...

Contra estes factores, qual a resposta dos sindicatos? Greve... mais greve..
Alguem diga ao Sr. Carvalho da Silva que os salarios crescem na proporçao do aumento da produtividade. E que aumentos ridiculamente grandes dos salarios so leva a inflaçao (neste caso, com a moeda unica, leva a desemprego). E que, na mesma linha de pensamento, maiores gastos do Estado levam a divida publica (por força do aumento do defice) o que por sua vez tambem leva á inflação (ou seja, desemprego).

CONCLUSAO:
O Sr Carvalho da Silva conseguirá, na melhor das hipoteses, ser ridicularizado por qualquer professor de Economia. Na pior das hipoteses, levará os "seus" trabalhadores à pior crise que alguma vez enfrentaram. ou enfrentarao. Em qualquer dos casos, nao consigo perceber como é que os (legitimos) direitos dos trabalhadores poderão estar a ser defendidos. Deus nos livre deste homem na politica.


É com todo o prazer que adiro a este blog. Assim que a conjuntura o justificar, deixarei aqui as minhas opiniões sobre as questões predominantes abordadas neste blog, apesar de me reservar o direito de enveredar por outros temas, se assim se justificar.
Sou licenciado em Economia pela Universidade de Aveiro e situo-me num quadrante político que posso designar de direita moderada mas convicta. Acredito na auto-regulação do mercado, cabendo ao Estado um papel semelhante à "mão-invisível" defendida por Keynes. Sou absolutamente a favor da liberdade de expressão, apesar de me interrogar a mim mesmo sempre que ouço algumas figuras públicas tipo Louçã ou Carvalho da Silva, se terá valido a pena tantos anos de luta.

Saudações
Benvindos a este novo Blog. Criei-o com a intençao de fomentar a discussão à volta das decisões politicas e as suas bases nas ciencias socias, nomeadamente a economia. Sou licenciado em economia, pelo que alimento todo o tipo de discussão produtiva e construtiva em torno do tema. Sou marcadamente de direita o que nao impede ou repreende, de forma alguma, a leitura dos post e o comentário aos mesmos. Por outro lado, a visão económica nao é necessáriamente uma visão estritamente politica, apesar de, na minha opinião, a eficiencia económica tal como a eficácia da afectaçao correcta dos recursos é O meio de levar a cabo politicas com vista ao progesso, crescimento e desenvolvimento correcto de um país, o quem obviamente, beneficia todos.

Na minha perspectiva, o futuro assenta num modelo neo-liberal, onde as forças económicas funcionem livremente e onde a intervenção do Estado dever-se-á limitar à supervisão e controlo de possiveis abusos dessas ja referidas forças.

A todos o meu bem haja.