Ainda a Turquia e a UE

O impasse continua. Agora é a própria UE que se divide quanto ao continuar das negociações ou a sua suspensão temporária com vista à entrada da Turquia na União.

A questão parece complexa, mas no fundo resume-se a alguns aspectos-chave:

- Chipre e Grécia
- Islamismo
- Geo-estratégia europeia
- Comércio

Chipre e Grécia
Para mim é bastante claro: qualquer País que não reconheça a existência de um Estado-Membro de plenos direitos da UE não pode ser aceite como membro. É também a posição da Comissão e de outros Países, onde se encontram obviamente o prórpio Chipre e também a Grécia.

Aceitar que um Paíse entre na UE mesmo ocupando parte do território cipriota indevidamente é já de si uma grande abertura negocial. Aceitar a sua entrada sem reconhecer o próprio Estado de Chipre é perfeitamente inaceitável. Independentemente das dificuldades políticas internas que possa ter.

Por outro lado, também a Grécia é ainda forte opositor à entrada da Turquia por razões históricas perfeitamente compreensíveis. A abertura de fronteiras entre estes vizinhos e inimigos de longas e inumeras guerras é manifestamente ilusório. Até porque ambos mantém uma forte componente militar nas respectivas fronteiras, incluindo tropas gregas em território cipriota.

Islamismo
Será talvez o aspecto menos discutido, mas mais pensado. Até aqui a Europa e a UE discutiam economia, política e comércio. Com a entrada da Turquia terão que repensar questões perfeitamente aceites desde há muito em termos culturais, que se para nós membros são tidas como naturais, para um país islamico pode representar uma afronta. Resta saber até que ponto a Europa está preparada a ceder, ou se será a Turquia a ter que mudar...

Geo-Estratégia
Este ponto parece ser fundamental para a UE, caso contrário não estaria tão empenhada e a abrir mão de tanta coisa para aceitar a Turquia. É claramente um passo perigoso e arriscado, mas uma forma pacífica de se implementar uma cultura europeísta no médio oriente. Uns podem chamar-lhe imperialismo do SecXXI, eu chamar-lhe-ia a guerra politico-económica pelo controlo e influência do centro do Planeta desde sempre: o médio-oriente. Quanto estará a UE disposta a pagar por esta decisão estratégica, é o que os desenvolvimentos das negociações irão dizer.

Comércio
A Turquia é indubitavelmente um grande mercado o maior a ser inserido na UE por adição de um membro desde a sua constituição. Desde logo pode representar um grande folego para a lenta e conservadora economia europeia. Também para a Turquia é uma oportunidade de crescer e de se desenvolver, como talvez nunca teve. Também por isto a adesão da Turquia pode significar um sinal positivo para o médio-oriente.

Por outro lado, pode também signifcar o agravar de diferenças e acelerar processos de fortificação de fronteiras que necessariamente tem que acontecer para com os países vizinhos. Isto sem esquecer a questão dos Curdos, ainda por resolver.

Fica a reflexão.