Foi em Dezembro que com tanta pompa como o Governo de Socrates nos tem habituado que o acordo com Patrick Monteiro de Barros foi apresentado pelo Ministro da Economia. "Vale por duas Auto-Europas", dizia-se na altura. Aquilo que era apresentado como um projecto de milhares de milhoes de euros, com elevadíssimo impacto na economia, na balança de pagamentos e na posição geoestratégica nacional, com aproveitamento obvio da procura espanhola e cujo enquadramento ate poderia desculpar em parte a errada opção pela OTA, acabou.
Ouvi estes dias um comentador dizer que Portugal comprou direitos de emissão de poluentes para atmosfera como um País rico, quando precisava de ter comprado como País em desenvolvimento. Nada de mais correcto. Sendo certo que as questões ambientais devem ser levadas muito a sério, o que é certo é que Portugal não passou como os restantes países europeus por uma fase de franco crescimento à custa do ambiente. Situação irreversível, dirão uns. Até concordo. O que não posso deixar passar em claro é que este investimento de milhares de milhoes de euros não vai para a gaveta. Outro sítio o acolherá, e nem se importará com as emissões. O que nos deixa a pensar: será que estamos em condições de prescindir de tal investimento. Ou entao: não serão os lucros e as vantagens que advem deste empreendimento uma forma de projectar e financiar energias alternativas, sendo uma espécie de um recuo estratégico em política ambiental para poder avançar com mais confiança? Não nos esqueçamos da conjuntura actual, em que o preço do petroleo chegará facilmente aos $100, podendo mesmo num futuro proximo andar nos $200/barril. Não nos esqueçamos que se pode adquirir direitos de emissões a países que não as usam. Estará o País em condições de rejeitar tal projecto ? Parece-me que não.
Mas se fosse só isto, já era suficientemente grave. Do ponto de vista político, as coisas tambem nao correram nada bem. Um ministro recua, um empresário que culpa o secretário de Estado do ambiente, uma decisão que aparece como sendo do ministro, afinal ja tinha sido tomada pelo empresário um mês antes... enfim, uma trapalhada das antigas, que mostra o quão volateis e vazias são estas encenações propagandisticas governamentais. Agora a questão ja nem é esperar para ver quantas mais encenações de investimentos são falhadas, a questão é mais quantas delas é que irão realmente avançar.
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