quarta-feira, novembro 08, 2006

Socrates e os Bancos

Pareceu-me demasiado forçada a introdução deste tema no debate do orçamento por parte de Socrates (assim como o tema da Madeira, mas sobre esse não me apetece falar para já...). E digo demasiado forçado por vários motivos. A saber:

1. O Governo sente a pressão cada vez maior dos sindicatos e da insatisfação social e viu no argumento dos lucros dos bancos uma forma populista de responder à natural mas irracional revolta popular sobre o assunto. Não obstante, não é nos lucros que reside o problema.

2. O PS e Governo há muito que deixaram de ser uma única força motriz ideológica, sendo que o Governo segue aleatoriamente políticas neo-liberais (e bem) e políticas socialistas no seu pior (despesismo e indecisão), assim como por vezes medidas puramente eleitoralistas. Há ainda as medidas incompreensíveis e ininteligiveis, que não consigo classificar nem enquadrar numa ideologia. Assim sendo, dentro do próprio PS há vozes mais de esquerda que são cada vez mais ouvidas, pelo que este anuncio serve para satisfazer parte da máquina socialista, ainda para mais com Congresso à porta...

3. Mas pior que isto tudo é que se trata de uma política a meu ver errada. O problema não está na falta de tributação dos bancos, está no excesso de tributação dos restantes agentes. Mais, os bancos se tiverem mais tributação das duas, uma: ou se deslocalizam (os bancos serão talvez as empresas que mais facilmente podem movimentar capitais...) ou encontram meios legais para tornear a legislação demasiado (e cada vez mais) complexa. Todos sabemos que quanto mais complexa a legislação, mais facil é encontrar forma de a tornear.

Já para não falar na possibilidade de downsizing que os bancos poderão recorrer, sendo que são dos maiores empregadores de recem licenciados...

4. Por último, foi um anúncio forçado porque é completamente é populista, eleitoralista e demagogico. Os bancos não sao o problema da economia. Antes, são dos que menos fogem aos impostos. Se calhar também devido à taxa de imposto inferior. E o mais ridículo de tudo, é querer-se regulamentar "os excessivos planeamentos fiscais". Se o Fisco dita as suas regras, porque não haverá o agente económico querer optimizar minimizando a sua carga fiscal? Acreditará o Governo em fadas e coelhinhos da pascoa? Haja paciencia!

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