Mais uma tertúlia no café do Teatro Aveirense, desta feita sobre "públicos juvenis para a cultura" mas que rapidamente resvalou para os problemas que os "produtores de cultura" ou os criadores sentem, assim como os gestores culturais, em balançar a produção cultural e a procura por parte da sociedade.
De facto, significativa quota parte do problema reside no sistema de ensino, que não incute o espírito de curiosidade e interesse aos jovens em relação à cultura em geral. Contudo, muito se falou sobre este aspecto, no entanto as opiniões emitidas eram sempre demasiado perspectivadas, faltando claramente uma visão mais abragente desta problemática. Pareceu-me que, claramente, os criadores olham demasiado para o seu umbigo, querendo chamar a si a verdade absoluta sobre a qualidade e tipo de cultura que produzem, esquecendo um aspecto fundamental: a cultura deve ser feita também para os outros, por mais minoritários que sejam.
E aqui reside outro pormenor a ter em atenção. Não se pode querer massificar um determinado tipo de produção cultural se tal não de todo do interesse do publico em geral. Elites culturais sempre existiram. Apenas há aquelas que se massificam e outras que não. Ou seja, não será através da adaptação da oferta face á procura, mas sim o inverso (sim a economia está em todo o lado). Claro que podemos inserir aqui a problemática da qualidade vs massificação. Totalmente d acordo. Mas como em tudo (e também na economia) vive-se de equilíbrios. O equilíbrio entre os que os experts consideram produto cultural de qualidade e aquilo que as pessoas querem ver e admirar. Obvio que para se ver e admirar é necesário alguns conceitos prévios, mas não é essencial.
Na minha opinião, dever-se-á tentar atrair o público para espectaculos de qualidade, mas nao demasiado elitistas ou elaborados do ponto de vista técnico. Nem sempre a qualidade extrema significa aceitação geral, salvo honorabilíssimos exemplos. E tudo começa talvez por atrair primeiramente o publico a produtos culturais acessíveis, tentando a partir daí criar vícios e necessidades de cultura. Porque a cultura deve, apesar de tudo, ser para todos. Todos os que a querem, claro. E deixo este como o bottom line: a cultura não é algo que deva ser produzido com o intuito de atingir toda a gente, mas também nao se pode ter a veleidade que todos se interessem por esse produto. Apesar de tudo, a cultura é "apenas" um divertimento, um alimento para o intelecto e para a alma.
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