Aznar defende privatização de empresas a 100%
A liberalização de todos os mercados e a privatização de empresas foi uma das principais medidas adoptadas pelo governo de José Maria Aznar para fomentar o crescimento económico em Espanha. Mas, ao contrário das estratégias que têm sido seguidas em Portugal, o ex-governante espanhol optou por privatizar a totalidade do capital das empresas, em vez de pequenas parcelas que lhe permitissem arrecadar "algum dinheiro para colmatar o défice".
José Maria Aznar, que ontem discursou no II Congresso de Comércio Moderno, promovido pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), frisou que a privatização da totalidade do capital das empresas permitiu a criação de mais concorrência e do desenvolvimento do mercado. As telecomunicações, por exemplo, "passaram de 2% para 8% do PIB".
O ex-primeiro ministro espanhol apresentou os números que encontrou quando assumiu a liderança do Governo, em 1996, e os que deixou em 2001. "Em 1996, a Espanha era um país com falta de confiança, com uma taxa de desemprego na ordem dos 24% e tinha uma situação económica grave. Não cumpríamos nenhum dos cinco requisitos para aderir ao euro."
José Maria Aznar contou que muitos o aconselharam a deixar para uma "segunda fase" a adesão à moeda única, incluindo o italiano Romano Prodi. Apesar disso, decidiu que "a Espanha ia avançar com os primeiros. A Itália podia ficar para trás, se quisesse".
Entre outras medidas, Aznar decidiu congelar os salários para os funcionários públicos e aprovar o "maior pacote liberalizador dos últimos 50 anos". Meses depois, "a Espanha cumpria todas as condições para ser membro fundador do euro".
Com um défice de 7% em 1996, em dois anos passou para 2% e em quatro anos para o equilíbrio. "Estabelecemos um programa de estabilidade em todas as contas públicas. O gasto esteve sempre abaixo do crescimento da economia."
Também a reforma fiscal foi um dos passos importantes. Em 1998 e 2001 os impostos foram reduzidos para todos os contribuintes, com maior incidência na classe baixa. A nível laboral, foram introduzidas leis mais flexíveis.
in DN 2006-02-24
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