A tentaçao jornalistica é imensa em comparar o alargar do montante em crédito malparado em Portugal com a crise de subprime dos EUA. Maugrado as semelhanças, o problema nao é sequer comparável.
Logo à partida porque o subprime é uma classe de credito à habitaçao logo à partida assinalado como de alto risco. E depois porque a atribuiçoes destes emprestimos nos EUA tem uma serie de especificidades que nao existem em Portugal, como ja aqui referi varias vezes. Nos EUA os devedores tem um periodo chamado de teaser rate, onde durante um ou dois anos a taxa de juro é particularmente baixa. Depois, é-lhes permitido na maior parte dos casos rolar o emprestimo, ou seja, receber mais dinheiro a meio do emprestimo, dando o imovel como garantia, recuando o montante total em divida para o valor maximo da casa. Claro que se depois deste roll over o preço da casa baixar... ha problemas.
Em Portugal há duas coisas que diferem: o preço das casas nao tem baixado significativamente e nao é permitido aumentar o endividamento recorrendo a uma avaliaçao do imovel a meio do credito à habitaçao.
Contudo, os bancos portugueses tambem securitizaram os seus emprestimos à habitaçao, à semelhança dos bancos americanos, formando uma pool de creditos que no seu conjunto a teoria financeira diria que reduzia o risco intrinseco via diversificaçao.
Ou seja, por outras palavras, os bancos portugueses nao estao minimamente com os montantes de credito à habitaçao malparado porque ja os venderam. E porque estão ate agora a conseguir com sucesso desfazer-se dos imoveis tomados como garantia em leiloes de casas...
O unico problema é se ao venderem os creditos de habitaçao portugueses os bancos compraram creditos à habitaçao americanos, vulgo Mortgage Backed Securities, onde se incluem activos subprime cujo valor nao é mais que 40% do par value...
Ah....e ja agora, os spreads aumentaram porque os riscos aumentaram: o risco do credito malparado (sim, este risco paga-se, naturalmente) e o risco de bancos contrairem emprestimos entre si também.
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