sexta-feira, fevereiro 08, 2008

ECB mantem taxa de juro

Jean Claude Trichet manteve hoje a taxa de juro de referencia do ECB nos 4%.

Contudo, nas declarações e posterior conferencia de imprensa, ficou claro que o ECB poe maior enfase no risco de desaceleração da economia. O mercado monetário imediatamente descontou nas taxas de juro implicitas dos futuros de obrigações um corte de taxas. Alias, 100 bp ate ao fim do ano. Talvez seja exagerado, tal a preocupação com a inflação ( e os riscos são reais, dada a pressão dos sindicatos para aumento de salarios).

Alias, este é um dilema curioso para os nossos amigos sindicalistas: se firmarem acordos com subidas de salarios elevados, o ECB sobe ( ou pelo menos nao baixa) os juros, pelo que a economia irá naturalmente desacelerar. Caso contrário, contem-se os salarios, e talvez haja um corte de taxas mais agressivo, com as respectivas repercussoes na economia, que leva naturalmente a mais emprego e melhores salarios... Curiosa esta coisa da economia de mercado..

3 comentários:

RM disse...

Meu caro Carlos Martins,
Interessante esta tua constatação. Constatação correcta donde se pretende retirar conclusões incorrectas.
Mas, como sabes (mas não queres ver), o grande problema da economia não está na criação de riqueza. Que tem vindo em cada ano a aumentar.
O cerne da questão está na distribuição da riqueza.
E é fácil verificar, enquanto se aguarda a criação de mais emprego, para onde iria a riqueza entretanto criada.
Neste andar ainda te vou ver a defender que durante um ou dois anos (uma década seria melhor) os trabalhadores não recebam aumentos (se não recebessem qualquer salário seria melhor) pois a seguir teríamos um mar de rosas no referente a emprego e a salários. Ah e já me esquecia. Sem inflação também.
Abraço
Raul Martins

Carlos Martins disse...

Meu caro RM,

A conclusão que tira sobre a minha visão da remuneração dos trabalhadores é totalmente errada.

Nem tao pouco a questão é tao simples quanto aumentar ou nao aumentar salarios.

O aumento de salarios se ligado a aumentos de produtividade, não cria demasiada pressao inflaccionista. Assim como a flexibilidade laboral e do factor trabalho. O aumento de salarios ainda é visto como irreversivel, dada a rigidez dos trabalhadores a diminuição de salarios (implicitamente admitem e preferem despedimento a diminuição nominal de salario na maior parte dos casos). Isto é especialmente grave nao so em altura de recessao, como de menor produtividade.

Se os contratos por objectivos e com bonus de produtividade permitem a industrias como a banca ser extaordinariamente flexivel, as industrias mais trabalho intensivo sofrem por esta preferencia estranha do ser humano.

Que fique portanto claro, que nada tenho contra aumentos de salarios, desde que ligados a aumento de produtividade. Quanto a exigencias salariais sindicalistas baseadas em inflação, provoca-me algum mal estar. Parece que é crime deter capital para determinadas ideologias. E parece que a detençao de capital, o mérito e a forma de o rentabilizar tambem incomodam.

A haver um mercado de trabalho flexivel, um trabalhador insatisfeito, poderia sempre procurar melhor emprego. desde que qualificado, com mente aberta e num país onde o crescimento economico seja baseado na produçao de riqueza (e a premeie, em vez de prejudicar) assim como na iniciativa privada, e nunca (NUNCA) no Estado como motor da economia. Onde ja se viu o Estado aumentar salarios por aumento de produtividade? onde ja se viu o Estado optimizar recursos ?

Terra e Sal disse...

É injusta a análise de que o capital (selvagem) imponha as suas regras ao mundo.
A fraca produtividade não deve ser acometida ao trabalhador mas sim ao capital que esvazia ou tenta esvaziar por todos os meios o filão que é o capital humano, que usa enquanto lhe interessa e que depois deita fora.
Não fomenta a formação contínua dos trabalhadores, apenas os esvazia enquanto lhes interessa, nada investindo neles.
No fim de uma década deita-os fora como uma peça obsoleta de uma qualquer máquina, que deu o melhor de si própria e que nunca foi nem bem tratada nem oleada…
O meu Caro Amigo critica os sindicatos que são ou tentam ser o equilíbrio de uma gula desmesurada de um capital que não tem rosto.
Esquece a sua nobre função que é a procura do equilíbrio e da Justiça Social.
Cumprimentos.