A CP é uma empresa pública. A partir daqui muito se poderia dizer. Incluindo, uma infindável lista de parecenças com o funcionalismo público puro e duro. Não vou entrar por aí. Prefiro contar uma história, que quem quiser pode considerar verídica.
Certo dia, resolvi experimentar comprar bilhete para o alfa pendular através do serviço online. Nada de mais. Em qualquer País da Europa tal ja é possível ha varios anos. Fiquei agradado por também aqui o poder fazer. Até aqui tudo bem. Até o lugar e a carruagem pude escolher... Como não tinha impressora, ate utilizei o simpatico serviço de bilhete por SMS...
O pior foi quando mudei de ideias quanto ao horário, e decidi que preferia ir em outro alfa uma hora mais tarde. Pensei para mim mesmo que nada mais simples do que ir também ao site e fazer a mudança. Nada portanto de mais errado. Não existe nenhuma opção para o efeito no site. Então procurei melhor e vi que realmente dizia aquando da compra que alteração e/ou reembolso, apenas é possível na estação de origem... Como não estava disposto a perder 24 Euros, decidi dirigir-me à estação...sabendo que teria de efectuar todo o processo até 30 minutos antes do horário de saída do referido comboio.
Ora, chegado à estação, obviamente me dirigi à bilheteira, pedindo à pouco simpática funcionária que procedesse ao reembolso, sendo que no entanto apenas lhe poderia apresentar o tal bilhete por SMS - prontamente exibo a mensagem no telemovel por entre o vidro do guichet, perante o seu olhar estranhamente espantado, como se não fosse meio de prova de bilhete em pleno alfa... -, esperando reaver os tais 24 Euros.
A visão era clara para mim: não estava numa bilheteira da CP, antes em qualquer repartição pública, com a habitual antipatia com o cliente/utente, cara de frete e o "chuta para canto" que "não me apetece que me chateiem com coisas complicadas". Portanto a senhora perguntou em voz mais alta do que seria de esperar no front office de uma empresa à sua colega se saberia resolver a situação, que no seu entender apenas poderia ser resolvida com um print do bilhete, o qual teria obrigatoriamente de ser feito no posto de atendimento do cliente, sala 53 da Linha 3, uns bons 100 metros à frente. Espantado, calmo e revoltado, fiz-lhe a vontade.
Chegado ao tal posto, apenas um funcionário estava disponível, mas atendia uma idosa que precisava de conversar e não de resolver problemas. Portanto, esperei. Enquanto esperava, pedi o livro de reclamações. Pareceu-me a atitude correcta para ajudar todos os que fazem da CP aquilo que é: uma empresa sobre-endividada mas viva porque há contribuintes que não sabem como os seus impostos são geridos.
Finalmente fui atendido. Faltava uma hora para a saída do comboio. Felizmente resolveria o problema a tempo, pensei. O que não sabia era o poder do livro de reclamações, pois permitiu por o funcionario imediatamente em sentido. Antes mesmo de me perguntar o problema, prontamente perguntou porque quereria eu o livro e imediatamente após ter apresentado o meu problema - e portanto ainda no espaço de tempo antes de o resolver - telefonou não sei muito bem a quem, avisando que haveria uma reclamação que certamente iria incluir gente da bilheteira... Afinal era possivel o reembolso mesmo apenas mostrando o SMS - milagre! - mesmo assim, foi me dado um print do bilhete para levar à bilheteira e aí sim, ter o meu dinheiro de volta.
Consegui o meu print, dirigi-me á bilheteira, recuperei 20 dos 24 Eur (sim, há as tavas de reembolso) e prosegui viagem, pensando quais seriam as reais consequencias do meu acto. Penso que nenhumas, a não ser ter ficado de consciencia totalmente limpa.
Moral da história: a CP não é o mesmo que funcionalismo público, mas parece. A CP precisa de não parecer funcionalismo publico. A CP precisa de um choque tecnológico, mas primeiro precisa de um choque de mentalidade (e formação ja agora).
Ah....! Como a concorrência faz milagres...
1 comentário:
Desculpa,enganaste-te a escrever ou pagaste mesmo 4 euros de reembolso?
Em relação ao resto do post,retira-se que de facto em alguns casos pedir o livro de reclamações faz todo o sentido.
Enviar um comentário